segunda-feira, janeiro 22, 2007

Tão longe e tão perto do cigarro

Diário Catarinense - Florianópolis, 22 de janeiro de 2007. Edição nº 7590

Por HERMES LORENZON

É difícil de acreditar que um colecionador que tenha 60,5 mil maços de cigarro de 500 marcas diferentes e 242 países nunca tenha fumado na vida. Pois essa é a história do catarinense Celio Alberto Eisenhut (foto), natural de Jaraguá do Sul, um dos participantes do 4º Encontro Nacional de Colecionadores de Embalagens de Cigarro, no final de semana, em Florianópolis.

Avesso à fumaça de cigarro, Eisenhut interessou-se pelos maços há 38 anos, quando surgiu um boato de que a fabricante de tabaco Souza Cruz doaria uma cadeira de rodas a quem juntasse 500 marcas diferentes. Era 1969 e o catarinense ficou interessado no prêmio para doar a alguma instituição que trabalhasse com portadores de necessidades especiais.

O boato, no entanto, foi desmentido, mas Eisenhut já tinha juntado dezenas de pequenos pacotes e tomou gosto pela coisa. Como viajava muito a trabalho e assim conheceu 21 países, ele sempre trazia os maços que encontrava.

Aos poucos descobriu que havia no Brasil e no mundo outros colecionadores semelhantes, que entram em contato e trocam embalagens repetidas.

Foi assim que surgiram inúmeras coleções, e cada uma com raridades para mostrar em encontros como o do final de semana, na Capital. Antigamente, o cigarro era um "privilégio" apenas dos nobres. Por isso, as embalagens mais antigas não eram de papel, mas de metais. Neste modelo estão um cigarro inglês que na embalagem tinha a foto de Elvis Presley, outra russa com navios na capa e uma com o brasão das forças armadas do ditador alemão Adolf Hitler.

Essa diversidade é o charme desses encontros, onde um mostra para o outro o que tem de mais raro. O representante comercial Luiz Carlos Oliveira, de Porto Alegre, é o terceiro maior colecionador do país. Ele tem dois maços da marca Punto Azul Oro, que era fabricado exclusivamente para uso das tropas do Ifni, uma antiga província espanhola que hoje pertence ao Marrocos.

Oliveira diz, orgulhoso, que o maior colecionador do mundo, o italiano Claudio Rebecchi, com um acervo de 160 mil maços, não tem essas duas capas inteiras. Tem apenas uma cortada pela metade.

Mesmo apaixonados pelos maços, a maioria deles não fuma, conta o organizador do evento em Florianópolis, Otaviano Apolinário Vieira, 50. Dos 140 sócios em âmbito nacional, apenas 10 têm o vício de fumar. Prova de que a maior parte quer permanecer viva colecionando por muito tempo.

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