segunda-feira, janeiro 01, 2007



Empresas japonesas tornam-se mais agressivas na aquisição de estrangeiras

15 de dezembro de 2006 4:05 a.m.

Por Andrew Morse em Tóquio e Jason Singer em Londres

The Wall Street Journal

Japan Tobacco Inc. está perto de fechar um acordo para comprar a britânica Gallaher Group PLC por quase 7,5 bilhões de libras (US$ 14,75 bilhões), disseram pessoas próximas da negociação. O negócio pode ser a maior aquisição estrangeira por uma empresa japonesa e mostra o quanto as companhias do país estão cada vez mais dispostas a aceitar o risco de realizar aquisições grandiosas e agressivas ao redor do mundo.

As duas empresas ainda estão negociando vários detalhes, mas um acordo pode ser fechado em questão de dias, disseram as mesmas pessoas. A Gallaher, sem identificar quem seria o potencial comprador, disse que está negociando uma oferta em dinheiro de 11,40 libras por ação. Uma porta-voz da Japan Tobacco se negou a comentar a perspectiva de um acordo.

A ação da Gallaher fechou ontem em Londres a 11,55 libras, alta de 0,35%. A ação da Japan Tobacco, negociada em Tóquio, caiu 2,4% para 579.000 ienes.












Acuada pela desaceleração das vendas de cigarro em seu mercado interno, onde a população está envelhecendo e fumar está saindo de moda entre os jovens, a Japan Tobacco tem procurado se expandir para mercados com crescimento mais rápido. Analistas acreditam que a empresa, que tinha US$ 7,8 bilhões no caixa em 31 de março, vai ter de tomar um empréstimo para financiar a maior parte da aquisição.

A oferta da Japan Tobacco é o mais recente exemplo das estratégias mais ousadas que as empresas japonesas estão adotando à medida que buscam meios de crescer. No geral, as empresas estão agindo como fundos de investimento em participações, assumindo grandes dívidas para comprar outra empresa. Eles também estão começando a usar instrumentos financeiros complexos que lhes permitem comprar empresas maiores.

A adoção de tais estratégias representa uma mudança de rumo para o modelo administrativo empresarial japonês, que historicamente evitava o risco e preferia crescer de maneira orgânica em detrimento das aquisições. A expansão normalmente era financiada com caixa próprio, que as empresas japonesas costumam acumular.

Mas, agora, uma economia em recuperação deu às empresas do Japão tanto os balancetes sadios quanto a autoconfiança necessários para sair em busca de oportunidades de crescimento. Com a população japonesa em encolhimento, muitas empresas estão de olho em mercados no exterior, onde comprar um negócio já estabelecido é mais fácil e rápido do que estabelecer uma presença.

A mudança pode fazer com que as empresas japonesas, há muito ausentes do cenário mundial de fusões e aquisições desde a sua febre de compras nos anos 80, tornem-se mais uma vez compradoras importantes de ativos mundiais. Apesar de a atividade atual estar abaixo do auge de 1990, quando companhias japonesas compraram participações em 429 empresas no exterior por um valor total de US$ 25,3 bilhões, o ritmo vem crescendo nos últimos anos. Neste ano, até o momento, as empresas japonesas compraram 294 companhias estrangeiras por um total de US$ 18,1 bilhões — mais do que no ano de 2005 inteiro e o dobro do valor de 2004.

"A atitude (dos empresários japoneses) mudou", diz Robert Snell, diretor de serviços empresariais da filial de Tóquio do banco Citigroup Inc.

No início deste ano, a Nippon Sheet Glass Co. comprou a Pilkington PLC — uma rival britânica com o dobro do seu tamanho — num negócio de US$ 3,8 bilhões. A Nippon Sheet Glass, que fabrica vidro para uso industrial e construção, recorreu a empréstimos e parte das sua ações para pagar pela aquisição, uma estrutura clássica dos fundos de investimento em participações.

Essa foi uma das primeiras vezes em que uma empresa financiou a aquisição de outra através de meios que não afetaram a sua própria avaliação de crédito — empurrando as dívidas para a Pilkington ao invés de para a própria Nippon Sheet Glass.

De maneira parecida, o conglomerado de internet e comunicações Softbank Corp. comprou as operações de celular no Japão da britânica Vodafone Group PLC por US$ 15,6 bilhões. O Softbank conseguiu o financiamento final para o acordo ao colocar o fluxo de caixa das operações da Vodafone como garantia para os empréstimos que assumiu.

The Wall Street Journal.

Nenhum comentário: