sexta-feira, janeiro 19, 2007

Cigarros ganham mais poder de vício

Sexta-feira, 19 janeiro de 2007

Segundo pesquisa, nível de nicotina cresceu 11% nos Estados Unidos

Uma pesquisa da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, revelou que entre 1997 e 2005 os fabricantes aumentaram em 11% o nível de nicotina que o fumante inala ao consumir os cigarros vendidos no Estado de Massachusetts. A nicotina é a principal substância dos cigarros a causar dependência. A análise se baseia em dados enviados pelas próprias empresas ao Departamento de Saúde Pública de Massachusetts. Segundo a pesquisa, os fabricantes também modificaram a composição do cigarro para aumentar o número de tragadas, elevando sua capacidade de viciar.

O estudo foi conduzido por Gregory Connolly e Howard Koh, membros do Programa de Pesquisas para o Controle do Tabaco nos EUA. “A análise mostra que as companhias de cigarro vêm aumentando ano a ano a nicotina em seus cigarros sem alertar seus consumidores”, diz Connolly. Koh ressalta a importância da prevenção. “As ações que requerem à indústria do tabaco que revele dados importantes sobre a composição dos produtos podem proteger as próximas gerações da tragédia do vício.”

LEGISLAÇÃO NO BRASIL

Ao contrário dos EUA, onde o nível de nicotina não é oficialmente regulamentado, o Brasil tem uma das mais modernas legislações antifumo do mundo. Desde 2001, o nível máximo permitido é 1,0 mg por cigarro. Nos Estados Unidos os cigarros têm quase o dobro: cerca de 1,9 mg.

Segundo o gerente da área de tabaco da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Humberto José Coelho Martins, o registro das marcas no País segue controle rigoroso. “Podemos recolher produtos se estiverem acima do permitido”, disse.

“O estudo refere-se apenas a cigarros vendidos nos EUA”, afirmou a Philip Morris Brasil em comunicado. “Os dados refletem que há variações aleatórias nos teores de nicotina, tanto para cima quanto para baixo”, acrescentou a empresa. Procurada pelo Estado, a Souza Cruz não se manifestou.

Neste ano a Anvisa começa a construir o primeiro laboratório oficial de análise de produtos do tabaco. Hoje as análises são feitas no exterior.

EMILIO SANT’ANNA, COM REUTERS
http://www.estado.com.br/

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