domingo, fevereiro 25, 2007

Fabricantes se enfrentam na volta da guerra do tabaco nos EUA
Domingo 25 de Fevereiro, 2007 1:53 GMT

Por Kevin Drawbaugh e Brad Dorfman

WASHINGTON/SCOTTSDALE, Arizona (Reuters) - A guerra do tabaco recomeçou no Congresso dos EUA, mas as linhas inimigas mudaram, e as tropas anti-tabaco não enfrentam mais uma indústria monolítica e legisladores leais a ela.

A Philip Morris USA, fabricante do Marlboro, está aderindo aos defensores da saúde pública em favor de um projeto de lei que, pela primeira vez, colocará a regulação dos produtos de tabaco --mas não sua proibição-- sob responsabilidade do FDA (que controla alimentos e medicamentos nos EUA).

O projeto ganhou força após os democratas assumirem o controle do Congresso este ano.

O presidente do Comitê de Saúde do Senado, Edward Kennedy, marcou para quinta-feira uma audiência sobre o projeto de lei, quando serão ouvidas testemunhas.

Analistas afirmam que a Philip Morris, do Altria Group Inc., está protegendo seu domínio no mercado, diminuindo riscos legais e tornando as regulações mais previsíveis, possivelmente abrindo caminho para novos produtos com tabaco que ofereçam menos riscos à saúde.

Por outro lado, concorrentes menores, como a Reynolds American Inc, fabricante dos cigarros Camel e Kool, lutam para não serem passados para trás por um projeto de lei que alguns chamam de "Lei do Monopólio de Marlboro".

"Eles não querem que o relógio pare e eles fiquem entalados com 10 por cento de participação no mercado com o Camel", disse o analista de tabaco Gregg Warren, de firma de pesquisa de mercado Morningstar Inc.

O projeto de lei foi apresentando no Senado por Kennedy, democrata de Massachusetts, e pelo republicano texano Joyn Cornyn, e, na Câmara, pelo democrata da Califórnia Henry Waxman e pelo republicano da Virginia Tom Davis.

Os líderes republicanos do Senado que barraram sua votação há dois anos deixaram o poder.

"O congresso discute a questão da autoridade da FDA sobre o tabaco há praticamente uma década. É hora de acabar o debate e partir para a ação", disse Matthew Myers, presidente do Campanha para Crianças Livres do Tabaco.

O projeto de lei dá poderes ao FDA para regular o tabaco, restringir sua publicidade, impedir a venda de cigarros para menores, exigir advertências mais fortes nos rótulos, impedir a minimização dos riscos do tabaco e determinar a remoção de ingredientes nocivos dos cigarros.

Além disso, ele estabelecerá o padrão para o "risco reduzido" em produtos de tabaco, que não serão comercializados como cigarros mais seguros sem o exame do FDA.

Como o grupo dominante do setor de cigarros nos EUA, com metade do mercado, a Philip Morris poderá absorver com mais facilidade os custos provenientes das regulações do FDA, dizem analistas.

© Reuters 2007.

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