domingo, junho 03, 2007

'Pielroja', um índio que se nega a morrer ante ao 'rubio americano'

Colômbia 12-05-2007

'Pielroja', o cigarro de tabaco escuro comercializado na Colômbia desde 1924, considerado um símbolo nacional e que logrou sobreviver frente ao tabaco norte americano durante mais de oitenta anos, acaba de ser lançado no mercado na versão rubios com filtro.

A marca colombiana, que se distingue pela imagem de um índio com seu cocar de penas no maço é tão famosa que, em 1967 diante de uma greve na fábrica, houve a falta do produto e num salão de chá em Medellín era cobrado 10 centavos cada 'tragada' do cigarro.



Os tradicionais cigarros 'Pielroja' são ovalados e vendidos em maços de 18 unidades de 70mm.

A versão em tabaco rúbio foi lançada para satisfazer a tendência mundial ao fumo de rubios com filtro, explicou Jon Ruiz, diretor da Philip Morris para a Colômbia, que em 2004 adquiriu a Compañía Colombiana de Tabaco ('Coltabaco'), produtora da marca.

A empresa investiu cerca de 2 milhões de dólares no novo cigarro, que vem em uma 'hard pack' com 20 unidades (84 mm), com a imagem do índio.

O diretor da empresa adicionou que isto não significa de nenhuma forma que se vá abandonar a versão tradicional.

Jon Ruiz, que é um fumante e prefere o tabaco negro, afirmou que o tabaco colombiano lhe parece ser "um dos melhores do mundo", tanto que se ao fumá-lo, um espanhol não estranharia um 'Ducados' ou um francês um 'Gauloises'.

'Pielroja', criado em Medellín, teve como antecedente as marcas 'Victoria', que trazia estampas colecionáveis, e 'Pierrot'.

Desde sua criação em 1919, a tabaqueira se propôs a fomentar o cultivo de tabaco negro em Santander, região agreste do nordeste colombiano, que desde o século XIX produzia os melhores tabacos do país.

A princípio se usavam tabacos turcos negros e amarelos que logo foram substituídos pelos escuros de Kentucky (EUA) e negros de Santander.

O tradicional cigarro colombiano também marcou um ritual na publicidade de revistas e jornais e foi pioneiro em publicidade com modelos femininas, que representavam o ideal de beleza jovem de cada época.

O índio foi uma criação de Ricardo Rendón, considerado o caracturista mais importante da história local.

Os slogans fizeram carreira por meio século e buscaram entrar no nicho de consumidores exclusivos com: 'Dê-se ao luxo de fumar'; o mencionar ao orgulho nacional: 'Sabem melhor e são colombianos' ou simplesmente: 'acenda um Pielroja'.

Também se utilizou na época, para se acercar às mulheres um costume que não era próprio de seu sexo, frases como 'elas também o preferem'.

Fumar 'Pielroja' acompanha todo um estilo de vida e o maço do índio ainda é frequente entre estudantes e intelectuais, embora também fossem populares entre pessoas com poucos recursos econômicos.

Fumantes famosos de 'Pielroja' foram os ex-presidentes Alberto y Carlos Lleras e Belisario Betancur - antes de serem governantes -, o pintor Alejandro Obregón, os poetas León de Greiff e Gonzalo Arango, os escritores Gabriel García Márquez e Manuel Mejía Vallejo e em tempos atuais o jornalista e escritor Antonio Caballero.

O produto é conhecido entre o público, especialmente o jovem, como 'tira flechas', 'quebra peitos' ou 'Red Skin' (pele vermelha, em inglês).

Os dirigentes da empresa se recordam de quando viajavam a Medellín de avião, e se davam conta da aproximação da aterrisagem na capital da região de Antioquia quando viam o desenho do índio pintado na planta da fábrica.

Além disso, os que iam às festas, uma vez se tornando tolerantes, ofereciam a troca dos maços de cigarros norte americanos, muito mais caras, por alguns 'pielrojas'.

Porém, os cigarros nunca perderam sua essência popular e não havia nada mais próprio aos camponeses do que recolher grãos de café com um cigarro fumegante pendurado na boca.

Da fama tradicional do cigarro surgiu um almanaque anual, com folhas de calendários diária, em que aparece ao fundo uma mulher soltando uma baforada de fumo com um cigarro na mão.

A fabricante considera que, apesar da mudança dos consumidores, e que seus fumantes sejam atualmente uma minoria, 'Pielroja' não desaparecerá e ainda continua 'vivo'.

EFE



Frente ao balanço do ano passado, a empresa registrou uma baixa de 76% em suas operações, devido aos investimentos que se realizaram tanto na parte comercial e industrial como na de mercado.Estão para começar a exportar para a Venezuela, Bolívia e Equador a partir de agosto. Atualmente Coltabaco já exporta a marca Green para a Jamaica e a marca Caribe para o Perú.No ano passado, Coltabaco registrou crescimento de 20% em suas vendas em relação a 2005. Para este ano, a empresa prevê um aumento de 10%. A companhia tem um plano de investimento em três anos de 25 milhões de dólares. Para a elaboração de cigarros, serão trazidas novas máquinas do exterior até o final do ano.

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