Longa tragada
(em 1975)
Empenhadas em manter as vendas em ascensão, as companhias de cigarros nos Estados Unidos não param de oferecer novidades. É verdade que o teste de uma nova marca ou variedade, em larga escala, chega a custar 600 000 dólares (cerca de 4,9 milhões de cruzeiros) - e, de quarenta produtos testados nos quatro últimos anos, apenas três obtiveram aprovação. Mas, como as recompensas do sucesso também são grandiosas, os fabricantes não desistem de tentar. E parece que estão alcançando uma nova vitória. Trata-se de um cigarro de 120 milímetros, um quinto mais longo do que qualquer outro até então conhecido.
A tendência dos superlongos foi iniciada quando a R.J. Reynolds começou a testar o seu More em Oklahoma, em outubro passado. Depois, em Nova York e Los Angeles. Os resultados foram notáveis, segundo a companhia, e dias atrás o More passou a ser vendido em todo o país. Seguindo os seus passos, a Philip Morris está pondo à prova o Saratoga, também em Nova York e Los Angeles. E já se prepara para o seu lançamento nacional, no mês que vem, através da "mais agressiva" promoção na história da empresa. Enquanto isso, a American Brands fará o teste de mercado do seu Long Johns em San Diego e Los Angeles.
Perfil - Para os não iniciados, os superlongos mais parecem cigarrilhas que cigarros. Enrolados em papel castanho-escuro, eles têm no entanto o sabor do cigarro tradicional. E seu preço é igual ao dos 100 milímetros. O More, por exemplo, comprime a mesma quantidade de fumo usada nos 100 milímetros dentro de uma forma mais fina. O resultado, orgulha-se a Reynolds, é um cigarro que se consome mais lentamente e proporciona aos fumantes 50% a mais de baforadas que as versões mais curtas. Mas os fabricantes admitem que os fumantes vão mudar para os superlongos só porque eles permitem mais tragadas sem aumentar de preço. A American Brands considera que esses cigarros são populares pelo seu tamanho singular. "As pessoas estão fugindo de velhos esteriótipos e se expressando de novas maneiras", diz um de seus diretores.
Já o dono de uma tabacaria em Nova York atribui o sucesso do More ao detetive Kojak - personagem vivido por Telly Savalas numa série policial da televisão -, que fuma superlongos feitos sob encomenda. "Tem gente que quer se parecer com Kojak", afirma ele. "E, como não pode encomendar um superlongo, acaba comprando More." Talvez por essa razão, há quem pense que os superlongos não passarão de uma simples moda. Mas as empresas estão apostando pesadamente para que eles se tornem uma preferência duradoura. E demonstram disposição em exercitar a sua paciência. Afinal, lançado em 1964, o 100 milímetros levou muito tempo para pegar - hoje, nos Estados Unidos, ele domina 25% do mercado.
Veja Edição 347 – 30 de Abril de 1975
Nenhum comentário:
Postar um comentário